terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Vereador Bom é o Corrupto!!!

O Brasil passou por um processo histórico de despolitização da população, primeiro uma despolitização a força, durante os mais de 20 anos de ditadura militar e após isso uma despolitização mais branda ou nem tanto, onde em uma politica neoliberal, seguida por todos os governos desde 1989, onde pouco a pouco se enfraquecem todas as estruturas de organização popular, e com uma grande banalização da corrupção, criando um senso comum de que a corrupção é inerente a politica.

Essa despolitização em conjunto com uma cultura politica paternalista, enraizada desde o inicio da colonização em nosso pais, que já até falei sobre isso em outro texto deste blog, institucionalizou uma total distorção sobre as reais funções que um parlamentar deve exercer durante seu mandato. O parlamentar, sobre tudo nos municípios menores, que executa sua função de propor leis e fiscalizar os legislativo muita vezes é visto com maus olhos pela população.

A população em geral espera dos seus vereadores uma postura paternalista e assistencialista, “conseguindo'' manilhas, postes, consultas médicas, ambulâncias, e outros serviços básicos que deveriam ser supridos por responsabilidade do executivo, e pouco se importam se os parlamentares estão legislando e/ou fiscalizando o poder executivo local.

O que a maioria não percebe, muito por causa dessa despolitização da sociedade, é que se o vereador “consegue” que algum serviço de incumbência do executivo seja feito, é por que o executivo concede esse favor ao vereador, e esse favor lógicamente não é de graça, e essa troca é que torna esse vereador considerado “bom” pela população corrupto, é lógico que o vereador que muito consegue favores do executivo é por que não cumpre o seu papel de fiscalizá-lo como deveria, é por que faz vistas grossas ao votar prestações de contas e outras matérias do interesse da prefeitura local, é por que não propõe leis que sejam contra o interesse do prefeito e de seus pares, ou seja, nessa relação de uma mão lava a outra, um lado comete suas falcatruas sem sem ser fiscalizado e o outro cria uma rede assistencialista que garante votos.

Parafraseando Brecht “o pior analfabeto é o, analfabeto politico”, é esse analfabetismo que temos que combater o curso natural do sistema capitalista é para que realmente sejamos despolitizados, analfabetos políticos, o sistema funciona para isso, porém temos que nos organizar, nos mobilizarmos a fim de quebrarmos essas engrenagens e construirmos uma nova lógica politica dentro da sociedade, onde os anseios populares sejam prioridades, e não falo só de elegermos candidatos comprometidos com as lutas populares, falo menos disso e mais de construirmos uma nova lógica politica nas nossas lutas do dia a dia, nos sindicatos, universidades, escolas, nos nossos bairros, essa deve ser a lógica da cultura politica, uma politica de baixo para acima e não ao contrário.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pontal do Paraná: A Cidade Cancela

Muitas pessoas que visitam Pontal do Paraná, sobre tudo na alta temporada de verão, exaltam suas pelas praias e paisagens, a gastronomia e as opções de lazer, porém pouco conhecem da verdadeira realidade do município, a imagem que se vende de Pontal do Paraná é muito distante daquela que se vive.

Apesar de ser um município pequeno e relativamente novo, é a cidade mais nova do estado, em Pontal do Paraná as diferenças de distribuição de renda são bem expressas e a divisão social bem estigmatizada, e um objeto muito simples e que muitas vezes passamos por ele sem dar-lhe a devida importância, e muito menos sem fazer uma leitura do que ele representa dentro da divisão do território pontalense é a cancela.

Em Pontal do Paraná, temos trabalhadores morando espalhados pelos mais variados balneários, porém nos dois ou três balneários onde predominam a classe média alta, e grandes detentores do capital, muitos por sinal nem residem no município, são colocadas cancelas e guaritas em suas entradas.

As guaritas e cancelas na entrada destes balneários refletem muito bem a maneira como estão divididas as classe sociais na cidade, ao se colocar uma cancela deixa-se claro que ali não é lugar para “qualquer um”, impõe-se a condição de exclusividade, nesse sentido a cancela se torna um símbolo de exclusivismo e exclusão do povo trabalhador.

O fato das cancelas cercarem alguns balneários é só um exemplo do símbologismo que elas exercem dentro da cidade de Pontal do Paraná, no nosso dia-a-dia muitas outras cancelas são erguidas frente a população trabalhadora de Pontal, colocam-se cancelas na saúde, onde o bom atendimento e melhores recursos estão do lado de lá da cancela, onde não possamos ter acesso, e seguindo neste pensamento encontramos cancelas na educação, segurança, moradia, trabalho, lazer, alimentação, etc.

E nós enquanto classe trabalhadora não devemos pensar em transpor essas cancelas, mas sim devemos nos organizar afim de derruba-lás, pois transpo-las significa nos tornarmos parte do lado de lá da cancela, e derruba-las significa avançarmos para uma sociedade mais justa igualitária, onde não existam cancelas que nos cerceiam as oportunidadades e o acesso a educação, saúde, moradia, trabalho, lazer, alimentação etc.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Conto sobre uma eleição bem distante da nossa

Esta história aconteceu em uma cidadezinha chamada Caiçaralópolis muito distante, que nem sabemos direito em que estado ela se localiza, nem mesmo se pertence ao Brasil, pois isso os acontecimentos as vezes podem parecer absurdos e muito distantes da nossa realidade.

Há muito tempo atrás Caiçaralópolis estava as vésperas de uma eleição municipal, os prazos para inscrição estavam chegando ao fim e todos os grupos políticos estavam se reunindo e articulando para fecharem suas chapas para o pleito, existiam três grupos principais.

O primeiro grupo era liderado pelo atual gestor da cidade o senhor Roberney, um senhor magro e de barba sempre muito bem feita, esse grupo já estava a um bom tempo na gestão da pequena Caiçaralópolis, e mesmo não tendo um “bom nome'' para sucessão corriam para todos os lados, vendiam alma para o diabo para elegerem seu escolhido para a sucessão, afim de se manterem mamando nas tetas do erário municipal, pois muitos deles nem sabiam mais o que era trabalhar, a maioria nem lembravam o que fazia antes de entrar para a politica.

O segundo grupo era liderado por um senhor que já foi candidato várias vezes e nunca se elegera a gestor municipal, Carlos Loque, e por um grande empresário da cidade que cansara de bancar campanhas e tinha decidido entrar de vez no jogo politico, juntou-se a eles vários políticos de oposição com intuito de derrubar o atual grupo detentor do poder, porém era um oposição de jogo politico e em momento algum ideológica, aliás nenhum dos grupos, nem o terceiro que será apresentado, tinha alguma plataforma ideológica a ser aplicada, na verdade todos tinham a sede pelo poder queriam dominar a gestão de Caiçaralópolis a fim de beneficiarem os seus.

Por fim, quase de última hora se organizara um terceiro grupo, alguns parlamentares outros pretensos parlamentares, liderados por um parlamentar com vários mandatos na cidade o senhor Antônio Vaivindo, um senhor alto e com vasta cabeleira, reuniram-se nesse grupo políticos que de maneira ou outra sempre estiveram rondando o poder na cidade, e que viram na fortificação dos dois grupos que tinham perdido espaço e para valorizarem suas posições lançaram um pré-candidatura para negociarem com os outros dois grupos para verem de qual tirariam mais vantagens.

Caiçaralópolis possuía uma população muito ordeira e de boa fé, acreditavam que esses grupos políticos tanto brigavam por que queriam o melhor para a cidade, cada um com uma visão diferente por isso da briga, e não viam que ano após ano esses grupos oneravam cada vez mais o município, e a cada mandato, independente de qual deles assumira o poder, a pobreza e a miséria cresciam, era mais desemprego, mais violência, e não percebiam que aos poucos estes políticos foram cercando seus bairros, blindando seus carros e evitando o máximo o contato com a população para evitar serem atingidos pelas mazelas que eles mesmo causaram ao povo.

Quem ganhou aquele pleito pouco importa pois todos tinham o mesmo projeto, projeto para se manter no poder, e nenhum projeto de desenvolvimento social e humano para o município e para sua gente, e só então a população de Caiçaralópolis percebeu que o seu grande erro foi nunca ter brigado para ter uma gestão municipal popular, e que representasse os anseios do povo daquela cidade.