quarta-feira, 23 de março de 2011

Liberdade de expresão tem limite sim!

Ontem me espantou muito, mesmo sem me surpreender, a abordagem dada pelos telejornais sobre o Projeto de Lei Complementar 122/2006, que trata da punição a quem cometer discriminação contra homossexuais, as chamadas televisivas falavam em uma "lei polêmica", em uma lei que "vai dar o que falar", alegando que tal projeto trata de um assunto que coloca ideologias em confronto. Pera ai, que ideologia é essa que pode ser contra a punição de homofóbicos? Só pode ser uma ideologia neo-fascista.
O "jornal hoje" da toda poderosa, querendo passar a falsa imagem de democrático, trouxe um link ao vivo direto de Brasília, onde de um lado tínhamos o deputado Jean Willys do PSOL, assumidamente homossexual e que recentemente foi ameaçado de morte por fanáticos religiosos por defender o PLC 122/2006, e de outro um deputado do PSDB, juro que não lembro o nome, membro da "Frente Parlamentar em defesa da Vida", e pastor de uma igreja evangélica.
O deputado Jean Willys, pautou sua defesa da lei 122/2006, prioritariamente em questões humanísticas, sobre os direitos humanos e sobre a própria constituição que garante igualdade a todos os cidadãos independentemente de credo, raça, cor, religião e orientação sexual. O que me espantou na defesa do nobre parlamentar do PSDB foi justamente o fato de ele querer justificar seu preconceito na constituição de 1988, dizendo que tal lei fere o princípio de isônomia pois concede privilégios a um determinado seguimento da sociedade, de certo ele prefere que o privilégio continue sendo do agressor e não do agredido.
A Frente Parlamentar em Defesa da Vida (não sei vida de quem) defende ainda que o PLC 122/2006 fere o direito da liberdade de expressão, pois segundo eles, suas religiões devem ter liberdade para pregar contra o homossexualismo, eles se acham no direito de ensinar a suas crianças em catequeses e escolas dominicais da vida, que devem repudiar pessoas com orientação sexual diferentes da sua, é para isso que eles querem liberdade, liberdade para agredir. Comparam ainda tal ato com a censura militar.
Imaginem agora, se o preconceito dever ser tolerado por fazer parte de um dogma religioso, isso vai criar margem para daqui a pouco tempo, termos religiões contra os negros, contra pobres, contra índios, contra mulheres (se bem o cristianismo já é machista suficiente), contra deficientes, ou contra qualquer outra coisa, e não poderiam ser acusadas de discriminação pois se isso ocorresse seriam vítimas de censura, ou discriminação religiosa.
Vendo tudo isso, e principalmente o uso que as religiões querem dar para a liberdade de expressão, lembro de um conselho que meu finado avô sempre me repetia quando eu era criança e cometia algum excesso contra outras pessoas, e acho que tal conselho é mais que apropriado para esses religiosos: "SUA LIBERDADE TERMINA ONDE COMEÇA A DO OUTRO".

segunda-feira, 21 de março de 2011

Neo Neocolonialismo

Esse fim de semana um sentimento muito estranho tomou conta de mim, ao descobrir que naquele momento todas as principais redes de televisão do país transmitiam ao vivo a chegada do presidente estadunidense na sede do governo brasileiro, o que mais me incomodou foi a pompa e honrarias que foram dadas ao tal presidente Obama. Talvez o sentimento que tive, foi o mesmo que um ameríndio fora dos "padrões" sentiu ao ver seus líderes se rendendo a adorar os europeus que invadiam suas terras.
A postura do governo brasileiro realmente me espantou, nem no auge dos governos assumidamente neoliberais, se viu tanta lambeção de botas do tio sam, faltou apenas o Obama sentar no gabinete da Dilma e dispachar de Brasília. Sem contar a demosntração de total falta de confiança nas instituições brasileiras, ao trazer consigo mais de 1000 homens entre exército e marinha estudunidense e FBI, para garantirem a segurança da familia "number one".
A mensagem que o Obama defendeu através de sua postura e discurso, durante toda sua estadia no Brasil, foi a ideologia do "excepcionalismo" presente desde a fundação daquele pais, onde, explicanda grosso modo, os estadunidenses se colocam como o país exepcional escolhido por "Deus" e com a missão de "evangelizar" o mundo, assim, com base nesse tipo de discurso os EEUU subjulgam, dominam, invandem e oprimem as outras nações e "evangelizam" economica e politicamente a periferia do mundo.
Obama veio mostrar uma aparente identificação com o povo brasileiro, jogou bola, assistiu a jogo de capoeira, falou do futebol em seu discurso, para difundir a falsa imagem de que o povo brasileiro e o estadunidense se assemelham em muita coisa, e que somos duas nações "amigas", na verdade isso é uma forma de criar menos reijeição ao discurso dos EEUU na população brasileira principalmente o apoio a tantas guerras em busca de petróleo.
E essa posição do Obama, foi amplamente difundida pela mídia, principalmente a televisiva, onde os jornais anuciavam com um excesso de respeito inesplicavel o "senhor presidente Brack Obama", e a todo momento reforçavam a imagem de ser humano cordial, simpático, benevolente e claro que reforçavam a imagem de ser superior.
Com tudo isso, postura da mídia, postura do governo brasileiro, me senti muito claramente que meu pais estava sendo invadido por colonizadores a fim de explorarem nossas riquezas, o que de certa forma não deixa de ser verdade com a eminência do pré-sal, porém o que mais me espanta é por que não existe um movimento intelectual forte e organizado a denúniar esse tipo de uso do poder e da mídia para criar essas imagens no senso comum?

quarta-feira, 16 de março de 2011

E o litoral a quantas anda?

Após três meses de festas, baladas, diversão e grandes shows no litoral paranaense, a região só ganhou páginas da grande mídia paranaense através dos desastres nem tanto naturais que aconteceram aqui, e diga-se de passagem a "grande mídia" nem deu tanto valor assim para nossas mazelas, estão mais preocupados com os reatores núcleares do Japão, que segundo um repórter da globo, pode atingir o Brasil, se os desastres fossem em São Paulo ou Rio de Janeiro seria bem diferente.
Seria bem diferente até entre os moradores do litoral, durante os desastres em SP, RJ, SC e no Nordeste brasileiro, vi muita gente que se mobilizou naquelas situações que agora não estão muito preocupados com os vizinhos do litoral, não chegando agua e sua casa está bom, cheguei ouvir hoje que agora que ta chegando fruta no mercado e gasolina no posto ta tudo normal novamente.
O importante que agora é tudo culpa da "mãe natureza", essa genitora malvada que castiga os seres humanos sem mais nem menos, ou vontade de "Deus" esse amigo imaginário do Ocidente, que castiga seus filhos que se desviam de seus supostos ensinamentos, porém ninguém ressalta que o litoral paranaense vem sofrendo à décadas com governos que não dão importância para seus problemas sociais e ambientais, inclusive o grupo que está no poder agora que em grande parte compôs o governo Lerner, nem eles, nem o antecessessor tiveram atenção suficiente para com as mazelas do litoral.
Históricamente o litoral paranaense só é lembrado pelo poder público estadual durante a famosa "Operação Verão", que na verdade representa uma preocupação com a diversão segura para os veranistas e não para a população local, fora a temporada é falta de policiamento, saúde pública, até a privada é precária, acesso a serviços básicos. Isso sem contar a incompetência dos governos municípais que se revesa nas mãos das pequenas oligarquias locais.
Mesmo essa pseudo atenção dispensada pela mídia e governo paranaense a região litoranêa é pifia, pois tentam minimizar a dimensão da catástrofe, em qualquer outro lugar do país 7 municípios sem ligação isolados e sem abastecimento creio que teria mais atenção; um município do tamanho de Paranaguá (cerca de 140.000 hab) sem água potável, e estão empurrando com a barriga, realmente é um absurdo; sem contar os números de vítimas o governo só admite até o momento dois mortos em Antonina, não sei então com explicar a superlotação do IML em Paranaguá, e os inúmeros amigos e conhecidos que relatam o desaparecimentos de familiares e amigos, prefiro acreditar neles do que nos dados oficiais.
Mais uma vez o litoral está sendo vítima das catástrofes naturais, sim, porém muito mais da inoperância dos governantes municipais e do descaso do governo estadual, o litoral não precisa de um gabinete de crise caro senhor governador, o litoral precisa de uma gabinete só, o do governador, e que atenda a região 365 dias por ano, não só na temporada e em desastres como esse.