quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mídia Sem Controle

Recentemente estive acompanhando um debate na TV Câmara sobre as concessões de radio difusão no Brasil, e após ouvir inúmeros argumentos em tal debate, e refletir um pouco sobre me dei conta de que o setor de radio difusão é muito mais nefasto do que eu já supunha, o que ocorre é que em nome de uma "liberdade de imprensa" se comete as maiores atrocidades a serviço dos que detêm o poder, e qualquer discussão sobre um marco regulatório é tida como tentativa de censura.
O primeiro ponto é justamente esse tal marco regulatório, mesmo não existindo nenhum órgão federal que fiscalize o funcionamento dos órgãos de radio difusão, existem algumas normas estipuladas para quem recebe a concessão cumprir. Entre elas o limite de 25% da programação destinado a propagandas comerciais, o que nenhuma TV cumpre, pois mesmo tendo o limite respeitado nas famosas propagandas não são contados o tempo de "merchan" dentro dos próprios programas, e muito menos os programas de tele-venda, sem contar dos religiosos que vendem suas religiões madrugadas a dentro. Outra norma estipulada que ninguém cumpre é a de 5 horas semanais de programação educativa entre as 8:00 e as 18:00 horas, o que já é um tempo ridículo, mesmo assim as TV's não cumprem e alegam que seus desenhos "enlatados de USA" são esses programas educativos.
Outro ponto polémico é se falar em Controle Social da Mídia, os defensores da lei da selva alegam que não é possível que membros representantes da sociedade, por mais numerosos que sejam, possam definir o que é o melhor para os quase 200 milhões de brasileiros, porque não vão conseguir expressar a vontade da maioria, porém o que temos hoje é cerca de 4 à 5 empresários decidindo por toda a população. Eles conseguem representar a opinião da maioria? Quando se fala em Controle Social da Mídia, não estamos falando em Controle do Estado, é a própria sociedade fiscalizando os abusos dos empresários da mídia, são associações de bairros fiscalizando o jornal da cidade, movimentos sociais fiscalizando a grande mídia, é a população fiscalizando.
O que vemos atualmente é um total abuso dos meios de comunicação que disseminam preconceito e calunias aos quatro ventos sem sofrerem represálias, pois se isso acontecer é censura, um caso recente é o apresentador Datena, que em seu programa sensacionalista diário, disparou mais de 40 minutos de calúnias contras ateus, creditando aos que não acreditam em um Deus a culpa pelos males do mundo, alegando que só mata, trafica, estupra e comete crime quem não acredita em Deus, além das constantes ataques do apresentador contra homossexuais e outras minorias.
Os órgão midíaticos precisam compreender que eles tem um concessão de um serviço público, e que sua atuação deve estar a serviço da sociedade, e a sociedade precisa compreender que a mídia, assim como todos os outros serviços públicos devem ser regulados e fiscalizados, não se pode mais aceitar que os meios de comunicação publiquem calúnias e difundam preconceitos sem serem responsabilizados por tais atos.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Falta educadores na educação

Em meio a varias discussões sobre os problemas da educação no nosso pais e estado, recentemente coloquei em discussão na escola em que trabalho a invasão de bacharéis na educação, nada contra as pessoas que por motivos variados acabaram migrando para educação, não é uma questão pessoal, mas sim de qualidade de ensino.

Existem dois casos específicos, primeiro o daqueles bacharéis que por não conseguirem trabalhar na área ou por qualquer outro motivo, acabam lecionando nas matérias relativas a ciência de sua formação (bacharéis em química, física, biologia, história, geografia), o problema é que a grande parte deles não tem uma especialização se quer na área de educação, e quando as tem é em algo genérico em educação, não podemos achar que existe uma metodologia da educação geral, aplicável a todas as disciplinas, é necessário que o professor tem formação especifica na metodologia e epistemologia especifica da ciência a qual leciona, ter conhecimento profundo em física, não faz com que tenha conhecimento profundo no ensino da física.

Um segundo caso me intriga mais, o de bacharéis de áreas ainda mais distantes da educação que lecionam disciplinas muitas vezes mais distantes ainda de sua formação, como vemos contadores, administradores, agrônomos, já me deparei até com arquiteto em sala de aula, onde o critério para a contratação é de que possua mais de 120 horas/aula de determinada matéria em sua graduação e isso o qualifica, segundo as regras criadas pelo sistema, em ser professor desta disciplina. Assim faz com que administradores dêem aula de filosofia, mesmo que ele tenha tido as tais 120 horas/aulas de filosofia, a formação dele é administração, ele tem a forma de pensar da administração, e me pergunto que filosofia ele vai apresentar aos alunos? O pior é que este critério é usado para a contratação, depois de contrato estes professores pegam qualquer matéria, ja vi administrador dando aula de arte, contador de educação física e ensino religioso, falo isso por que eu formado em história, quando me vi obrigado a pegar aulas de geografia, mesmo tendo mais de 200 horas/aula na minha grade, eu não tinha compreensão do modo como a geografia "pensa" o mundo e meu modo de pensar é o da ciência da história.

O maior absurdo, porém, foi que recentemente descobri, um curso de licenciatura genérico, isso mesmo, o cidadão faz dois anos de metodologias e didáticas genéricas e tem "habilitação" para dar aula em qualquer disciplina que tenha mais de 120horas/aula em sua grade curricular da graduação, e mais absurdo é que, segundo informações do NRE de Paranaguá, é aceito não só para PSS como para concurso.

Essa é uma discussão difícil de ser levantada, por que como aconteceu comigo, pessoas que estão nesta situação levam para o lado pessoal, porém ja se imaginaram consultando em um médico formado em direito? ou um licenciado em ciências consultando seu animal de estimação como se fosse veterinário? ou mesmo um bacharel em filosofia dando aula pra adolescentes, eles compreenderiam a linguagem do filosofo?, é a qualidade de ensino que esta em jogo, como alguém que nunca estudou educação consegue definir que tipo de avaliação deve ser aplicada para cada turma, ou se a avaliação realmente esta avaliando.

Em fim, a muito tempo que o sistema busca pouco a pouco, empregar uma lógica cada vez mais de mercado e menos de educação no sistema educacional, porém o que se inicia agora é a retirada do educador da área da educação, afinal quanto menos se preocuparem com a metodologia, as formas de aprendizagem e a educação, melhor para o sistema capitalista.