terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Falácia da Operação Verão

Todo ano quando chega inicio de dezembro os olhares do estado inteiro se voltam por 40 no máximo 60 dias para o nosso litoral, aliás nessa época ele é mais nosso do que nunca, governador adora a região, empresários instalam suas filiais temporárias e vendem uma falsa identificação com a região, eventos e mais eventos acontecem por aqui, e para nós trabalhadores, que vivemos 365 dias por ano aqui, nada muda, aliás até muda pra pior.

Entra governo e sai governo e a visão é do governo do estado em relação ao litoral, é a mesma daquela musica “Aluga-se” do saudoso Raulzito e seu parceiro Marcelo Nova, somos o “jardim do quintal” dos paranaenses, local em que todos veem se divertir nesta época e depois nem lembram da sua existência.

O governo do estado diz se preocupar com o litoral mostrando os números de policiais, médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, coletores de lixo, equipes de limpeza de praia, que mandam para a litoral, mas mandam pra quem??? Para atender nós moradores?? LógSalvar agoraico que não é apenas para garantir a segurança, a saúde o bem-estar dos veranistas, muito pelo contrário muitas vezes esta estrutura é utilizada para reprimir os pequenos comerciantes do litoral, porém nunca incomodam os grandes empresários, nem os locais e nem os oportunistas temporários.

Sem contar que agora é a hora do governo estadual, prometer que no próximo ano será diferente, que haverá uma programação com maior antecedência, que vai começar a lutar por desenvolvimento para o litoral, e ai vem outro ponto, desenvolvimento pra eles é encher de empresas e acabar com nossa qualidade de vida e com os recursos naturais, e tudo isso após o carnaval é novamente esquecido. Por isso devemos lembrar bem ano que vem e ver quais os políticos locais que apoiam esse governo estadual e o federal também.

Por fim ainda este ano, o excelentíssimo governador, decidiu tirar as atividades esportivas e culturais do calendário da operação que agora se chama “Verão Paraná”, ou seja os pouco de eventos culturais e esportivos que podíamos desfrutar mesmo que se acotovelando com os turistas, por que nunca os temos durante o ano, foi nos tirado também.

O litoral não precisa e nem pode sobreviver de operações especiais dos governos municipais, federais e estaduais, precisamos, sim de um planejamento continuo para o litoral, e esse tipo de visão só será implantada quando tivermos uma participação popular efetiva na politica de nossa cidade e região, pois enquanto tivermos meia dúzia de quadrilhas disputando o poder nas cidades do litoral, eles estarão fazendo negociatas e banditismos em nosso nome.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Personificação na Politica, um resquício do autoritarismo

A democracia no Brasil é uma coisa muito recente, e ainda não aprendemos a lidar totalmente com ela, temos em nossas práticas, mesmo que as mais democráticas resquícios de um autoritarismo, de um povo que segue as decisões de um grande líder, ou de um grupo que guia o pais "rumo a prosperidade".
No período entre 1500 e 1808 o Brasil foi colônia portuguesa, seguia os mandos e desmandos do monarca de Portugal, e não existia nenhuma representação politica na colônia, a não ser os cargos de "fiscais" da coroa nomeados pelo próprio rei. No pequeno período entre 1808 e 1822, a colônia passou a ser a sede do reino, ou na verdade um bom esconderijo para uma corte que corria de medo das invasões napoleônicas, tinhamos então um rei aqui, poder centralizado e decisões autoritárias como antes, nada mudou neste sentido.
Em 1822, com a grande falácia da independência, deixamos de ser colônia e viramos reino, com um Imperador, ou seja agora tínhamos o nosso próprio ditador, com centralização do poder, e alguns cargos políticos nomeados pelo déspota, e sem nenhuma participação politica popular.
Veio 1889 e a após nos tornarmos independentes, agora passamos a ser uma República, o que representou na verdade tomada do poder pelos militares da maçonaria, derrubando D. Pedro II que também era alto grau maçon, porém sem o apoio da ala militar, inicia-se outro processo de ditadura, agora comandada pelos militares, não é necessário relatar que neste período a participação política popular era praticamente nula.
Foi-se Republica Velha, com as oligarquias cafeeiras e leiteiras comandando o pais, e veio a República Velha com Vargas e a elite paulista, e em todo esse periodo até se instaurou o voto no Brasil, porém sempre de forma restrita a pequenos grupos, sempre o direito ao voto este atrelados a posses, nesse período o governo era amplamente sustentado pelas oligarquias regionais, a política coronélista, o voto de cabresto, os currais eleitorais iam desde o micro ao macro na politica brasileira.
Depois da ditadura Vargas, é que o Brasil começa a experimentar o voto direto, e a se relacionar com o sistema de democracia representativa, porém foi por um período curto de mais para que a população começasse a entender o processo como um todo, e em 1964 veio outro golpe militar, derrubam o presidente João Goulart, que até acenava, mesmo que discretamente, para uma democracia mais popular e participativa, e também por isso foi derrubado, a ditadura perdurou oficialmente até 1985, porém só tivemos eleições diretas em 1889.
Portanto temos pouco mais de 20 anos de voto democracia estabelecida no pais, escolhemos presidente apenas seis vezes, dai vemos que essa visão paternalista e personificada dos processos eleitorais é oriunda destes longos períodos de governo ditatorial e paternalista, onde os governantes e/ou grupos dominantes se colocaram como os defensores do pais, pais dos pobres, os responsáveis por guiar o pais rumo ao progresso.
E atualmente vemos que essa visão esta internalizada na população brasileira, tanto de eleitores como dos candidatos, pois uns esperam que os governantes após eleitos resolvam todos os problemas sozinhos e que são culpados de todos os problemas sem solução, e por outro lado temos políticos que ao se candidatarem a um cargo público, se colocam como salvadores da pátria, os responsáveis por mudar toda uma conjuntura politica, e essa visão de eleitores e candidatos esta estabelecida desde eleições para sindico até as presidenciais.
Precisamos ter uma nova mentalidade ao analisar campanhas politicas, devemos levar em conta projetos de governo e/ou gestão apresentados e não simplesmente a imagem de um candidato, pois o candidato não representa somente opiniões próprias, mais do que isso, ele representa opiniões e posicionamentos do seu partido, e do grupo politico no qual está inserido, quem vota em um candidato do DEM deve saber que ele pertence a um grupo politico que defende o neoliberalismo, as privatizações, a terceirização, que tem uma visão que privilegia a produção ao invés da qualidade; quem vota um candidato do PSOL deve saber que ele pertence a um grupo politico que defende o socialismo, que defende empresas estatais, que é contra terceirizações, e é um partido mais próximo a classe trabalhadora.
Hoje em dia é comum ouvir que não importa o partido e sim o candidato, porém vivemos em um pais com sistema de representação politica partidária, e os políticos ao se filiarem a um partido politico estão sujeitos a seguir as diretrizes estabelecidas por estes partidos, então importa muito o partido sim.
Porém a mudança na politica brasileira que todos queremos, só virá quando tivermos plena consciência de a democracia deve ser participativa e não representativa, temos hoje um senso comum de que votar é fazer sua parte, isso vem daquela velha visão de que o politico é o salvador da pátria que nos guiará rumo ao "desenvolvimento", porém nós é que devemos nos guiar nossos passos e o governante esta para seguir a vontade da população, portanto fazer a nossa parte é votar e acompanhar os mandatos dos eleitos, mesmo daqueles nos quais não votamos, pois só com a população cobrando e participando das decisões teremos governos que sigam rumos que atendam os interesses da população.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Devemos discutir como não usar o pré-sal

Hoje ao assistir telejornais de horário de almoço vi a grande alegria e e sentimento de progresso que os âncoras e repórteres queriam passar ao telespectador ao noticiarem a confirmação de mais uma reserva de petróleo localizada na camada pré-sal, como se isso representasse um progresso na vida de todos os brasileiros.
Em primeiro lugar, aos que defendem o discurso desenvolvimentista, devemos parar um pouco, apenas um pouco, e refletir a quem esse desenvolvimento realmente beneficiará. As multinacionais? As empreiteiras? As empresas do grupo X de Eike Batista? ou aos trabalhadores e a população mais carente. Essa riqueza vai apenas aumentar as diferenças sociais existentes no Brasil, que mesmo com governo dizendo que o "Brasil é um pais de todos" e que estamos "crescendo e dividindo", ainda temos uma das maiores concentrações de renda do mundo. Enquanto uma riqueza natural deste tamanho for administrada sob a lógica do capital, trabalhador nenhum terá beneficio dela.
Mas por que devemos discutir como não usar o pré-sal? O colapso ecológico está eminente no planeta Terra, as campanhas e discursos pelo não uso de recursos naturais não-renováveis se proliferam, afim de tentarmos ao menos retardarmos esse colapso de recursos naturais e para vivermos com maior qualidade, e em uma conjuntura mundial como essa onde se questionam todos os recursos naturais não-renováveis, por que não questionarmos o uso do petróleo? Por que o capital internacional está solidificado sobre este recurso natural, por que quem controla os principais meios de produção, e principalmente o capital financeiro mundial, são empresas e países ligados ao petróleo, não é por acaso a presença constante dos Estados Unidos no Oriente Médio.
Neste Momento portanto, deveríamos estar discutindo a utilização de fontes de energia renováveis, dizer que a tecnologia é pouca ou cara são justificativas superficiais, no caso dos veículos elétricos por exemplo o que emperra sua produção em larga escala são as altas taxas de impostos, sobre tudo em países de terceiro mundo como o Brasil, um carro que custa U$25.000 no Japão por exemplo, no Brasil teria um custo em torno de R$85.000,00, segundo recente reportagem da AutoEsporte. Então, se é caro é por que o governo quer que seja, e se a tecnologia não avança é por que ainda não é produzido em larga escala.
Assim, proponho, vamos para de discutir com quem vai ficar a riqueza do pré-sal, e vamos discutir qual a melhor maneira de não utilizarmos este recurso, pelo bem da nossa qualidade de vida e das próximas gerações.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Marcha da Maconha, Repressão e a Constituição no Lixo!

Mais uma vez ao se anunciarem as Marchas da Maconha organizadas em vários pontos do país, levantam-se os defensores da "moral e dos bons costumes", com acusações de apologia ao uso de drogas e por ai vai, vários juízes, desembargadores e promotores de várias regiões proibiram tal manifestação.
Primeiro vamos ao mérito da questão apologética, afinal isso não é apologia? O que os defendem a ideia de que a realização de uma marcha em prol da legalização da maconha é fazer apologia ao uso da droga, não conseguem entender a simples diferença entre transgredir uma lei e defender uma posição contraria a lei, essa segunda opção não é crime, a marcha "diz" que "somos contra a lei que proíbe o cultivo e uso da maconha", e isso é constitucionalmente legal é exercício da liberdade de expressão, e não dizem que "fumar maconha é bom e não faz mal".
Sobre essa dicotomia entre se dizer contra a lei e transgredi-la, temos um exemplo bem claro aqui no sul, o dito "Movimento o Sul é meu país", a constituição proíbe a organização de qualquer tipo de agremiação separatista, agora o simples fato de se dizer a favor de tal mudança não é crime, e esse caso é bem pior que o da legalização da maconha, pois aqui é de notório saber de qualquer cidadão mais informado que eles se organizam em agremiação transgredindo a lei, e de uma forma muito mais grave do que acender um baseado, mas neste caso se trata de um movimento capitaneado por uma elite, cristã de extrema direita, então todos fingem não saber principalmente a mídia.
Bom, mas ignorando os argumentos e os fatos, vários juízes proibiram, e em vários lugares a marcha se transformou na Marcha pela Liberdade de Expressão, mas mesmo assim os reacionários de plantão não ficaram contentes e veio a repressão, fogo e pau em estudantes e trabalhadores. O caso mais notório foi em São Paulo, onde os organizadores fizeram valer a Constituição Federal e não mudaram o foco da Marcha pela Legalização da Maconha, e ai sim o pau e fogo foi com ódio dos detentores do poder, vários manifestantes presos e agredidos por expressarem sua opinião.
E o ato mais grave ainda estava por vir, em resposta a repressão ocorrida em São Paulo e em solidariedade aos presos e agredidos, convocaram em São Paulo para esse fim de semana Marcha pela Liberdade de Expressão, e pasmem, o desembargador Francisco Vicente Rossi, rasgou a Constituição e proibiu uma Marcha pela Liberdade de Expressão, mesmo assim ela está mantida para este sábado 28/05 as 14:00 saindo do MASP, será que virá paus e pedras contra a liberdade de expressão mais uma vez? Parafraseando Chico "chamem ladrão, chamem ladrão..."
Por fim, creio que a principal função da marcha foi cumprida, trouxe para o tema para a pauta de discussão da sociedade, pois nas últimas semanas invariavelmente o tema sempre vem a tona nas rodas de bate-papo desde locais de trabalho, escolas, bares, etc. e em consequência disso as pessoas estão se posicionando e principalmente se informando a respeito do assunto, e só por isso já valeu a pena.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Hipocrisia em torno do debate sobre o "kit Gay"

A cada dia que passa o debate em torno da cartilha sobre homofobia, tão carinhosamente apelidada pelos "bons cristãos" de "kit Gay" aumenta. Sobre tudo, ganham mais força na mídia, os discursos de religiosos, que classificam a cartilha como algo anti-pedagógico, que vai estimular os filhos de "boas famílias" a seguir esse "caminho tortuoso".
Alguns pontos nesse debate me chamam mais atenção, o primeiro é o massacre mídiatico do pensamento de alguns lideres religiosos, pois como eles detêm não só o controle de várias emissoras, naquelas em que eles não controlam diretamente ele são no mínimo "bons clientes" que pagam somas exorbitantes em troca de suas madrugadas na programação. Enquanto isso movimentos sociais e especialistas em educação que não concordem com a visão deles não tem espaço para defender seu ponto de vista.
Outro item interessante dos ataques dos lideres religiosos e moralistas de plantão, são os argumentos, donde deriva a "hipocrisia" do título, que soam de uma infantilidade tremenda, e que só se difundem na sociedade devido a grande mídia colocar isso como verdade absoluta o tempo todo. Um deles é "não devemos expor nossas crianças a ver e ler cenas que tenham conteúdo relacionado a sexualidade independentemente da orientação", então porque deixam seus filhos e filhas assistirem a novelas, filmes, e até programas infato-juvenis onde a sexualidade é explicita? Assistir programas como a Malhação, da toda poderosa globo, em que adolescentes que não transam são taxados de problemáticos e atrasados é melhor pra educação sexual de um jovem, do que ele receber informações sobre a existência e a tolerância em relação a outras orientações sexuais?
O argumento mais hipócrita pra mim é, "não é função da escola tratar de assuntos morais, ela deve tratar apenas de conteúdo acadêmico", essa é na verdade a maior balela de todas, primeiro que no atual modelo de nossa sociedade, as crianças passam mais tempo na escola do que com os pais, e objetivo é que isso sempre aumente, veja o grande número de pessoas que defendem a escola integral, e passando todo esse tempo na escola, mesmo que indiretamente ele não vai captar valores morais, com professores e colegas de estudo? Não é melhor que isso seja de forma pensada, e problematizada? E mesmo que seguíssemos a ideia de tal argumento, tratando apenas de conteúdo acadêmico, como trabalhar filosofia e sociologia sem falar de tolerância.
Ora, se a escola, espaço onde temos pessoas de vários credos, religiões, cores, sexo, orientações sexuais, orientações filosóficas diferentes convivendo no dia-dia, não é o espaço adequado para que seja discutido questões quanto a tolerância, e respeito a diversidade, qual seria este espaço ideal? As congregações religiosas? Espaços onde qualquer fundamentalista com boa retórica, como o "tele-pregador" Silas Malafaia podem assumir o espaço de líder "intelectual", espaços estes onde a diversidade é proibida, pois as religiões não mutáveis, elas são feitas só para aqueles que as aceitam sem questionamentos, quem não concorda não serve, portanto são grupos de pessoas que pensam iguais, e qualquer criança que cresça só neste meio, acreditará fielmente que a verdade absoluta é a de sua religião, o que além de ser crime contra a formação intelectual da criança, é um crime contra a convivência em sociedade.
O fundamentalismo presente no discurso dos religiosos é absurdo, as falas do Malafaia contra os "infiéis que defendem a barbárie" não difere em nada do discurso de Osama Bin Laden contra os "infiéis do ocidente", ambos tem um discurso fundamentalista baseados na intransigência e rigidez na obediência a determinados princípios ou regras.
Na verdade, se tais debates são necessários hoje em dia, muito se deve a religiões e doutrinas, que aos poucos, ao longo de séculos, afim de afirmarem suas verdades absolutas, segregaram e dividiram a humanidade, tornando pessoas melhores que as outras por serem de cor, gênero, orientação sexual, ou apenas de terem pensamentos diferentes da irracionalidade pregada por elas.


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma Guerrinha sempre vai bem

Em 2008 quando Barck Obama foi eleito presidente do Estados Unidos, a imagem que o Obama queria passar ao mundo era de uma nova forma de governo, algo mais "progressista" em relação a seu antecessor George W. Bush. A imagem vendida era que por ser negro, filho de imigrante, e nascido no Havai, ele representaria uma mudança na politica estadunidense, ou seja, por ter suas origens ligadas a váirias minorias ele se dizia defensor de tais causas.
Porém o que se viu nestes anos de seu governo foi um continuismo da politica Bush, algumas aalterações necessárias devido as crises financeiras que enfrentou, e uma imagem mais simpática aos países pobres que o governo anterior. Apesar de ser chamado de "comunista" por radicais de direita do seu pais quando o governo comprou ações de empresas privadas para injetar dinheiro nelas durante a crise financeira, o governo Obama esteve longe das causas dos trabalhadores e trabalhadoras estadunidenses.
Quando a politica externa o governo Obama não cumpriu nem as promessas de campanha de retirar as tropas do Iraque ou fechar o presídio de Guantanamo, retirar o embarco a Cuba então nem pensar. No relacionamento com o Brasil manteve a politica protecionista que barra o consumo de produtos brasileiros nos EEUU, só aceitou discutir os impostos sobre produtos brasileiros após o Brasil coneguir aprovar um embarco a produtos estadunidenses na OMC.
Ou seja, na politica, econômia e diplomacia as posições estadunidenses não se alteraram durante o governo Obama, pelo contrário até se reforçaram, e agora vemos mais uma prática do governo Bush sendo copiada, a "Guerra pela democracia" para aumentar a popularidade para garantir a reeleição.
Se o governo Bush teve de "impor a democracia" aos iraquianos para garantir uma popularidade em alta que resultou em sua reeleição, o atual mandatário estadunidense ao ver sua popularidade caindo a pouco mais de um ano, não pensou duas vezes, mobilizou tropas e seu poder de influência internacional para uma nova missão de imposição da democracia desta vez na Líbia.
O governo de Muamar Kadafi, que até pouco tempo atrás era visto e defendido pelos estadunidenses como uma "Democracia Moderna", agora de um momento para o outro após a opinião pública se voltar contra, se transformou em uma didatura horrenda que precisa ser deposta, diante de tal mudança de posição tão recente seriamos muito ingenuos se acreditassemos que a preocupação do governo Obama é a liberdade do povo Líbio, afinal sera que só após 42 anos os estadunidenses descobriram que se tratava de uma ditadura?
Na verdade assim como o medo propagado pelo governo Bush colaborou pela sua reeleição, Barack Obama espera que a invasão do Iraque, também contribua para a sua reeleição, já que sua popularidade andava em baixa, afinal os eleitores dos EEUu ja provaram que em momentos de medo e guerra preferem manter o cenário político do seus pais, afim de manter uma certa "ordem".

quarta-feira, 23 de março de 2011

Liberdade de expresão tem limite sim!

Ontem me espantou muito, mesmo sem me surpreender, a abordagem dada pelos telejornais sobre o Projeto de Lei Complementar 122/2006, que trata da punição a quem cometer discriminação contra homossexuais, as chamadas televisivas falavam em uma "lei polêmica", em uma lei que "vai dar o que falar", alegando que tal projeto trata de um assunto que coloca ideologias em confronto. Pera ai, que ideologia é essa que pode ser contra a punição de homofóbicos? Só pode ser uma ideologia neo-fascista.
O "jornal hoje" da toda poderosa, querendo passar a falsa imagem de democrático, trouxe um link ao vivo direto de Brasília, onde de um lado tínhamos o deputado Jean Willys do PSOL, assumidamente homossexual e que recentemente foi ameaçado de morte por fanáticos religiosos por defender o PLC 122/2006, e de outro um deputado do PSDB, juro que não lembro o nome, membro da "Frente Parlamentar em defesa da Vida", e pastor de uma igreja evangélica.
O deputado Jean Willys, pautou sua defesa da lei 122/2006, prioritariamente em questões humanísticas, sobre os direitos humanos e sobre a própria constituição que garante igualdade a todos os cidadãos independentemente de credo, raça, cor, religião e orientação sexual. O que me espantou na defesa do nobre parlamentar do PSDB foi justamente o fato de ele querer justificar seu preconceito na constituição de 1988, dizendo que tal lei fere o princípio de isônomia pois concede privilégios a um determinado seguimento da sociedade, de certo ele prefere que o privilégio continue sendo do agressor e não do agredido.
A Frente Parlamentar em Defesa da Vida (não sei vida de quem) defende ainda que o PLC 122/2006 fere o direito da liberdade de expressão, pois segundo eles, suas religiões devem ter liberdade para pregar contra o homossexualismo, eles se acham no direito de ensinar a suas crianças em catequeses e escolas dominicais da vida, que devem repudiar pessoas com orientação sexual diferentes da sua, é para isso que eles querem liberdade, liberdade para agredir. Comparam ainda tal ato com a censura militar.
Imaginem agora, se o preconceito dever ser tolerado por fazer parte de um dogma religioso, isso vai criar margem para daqui a pouco tempo, termos religiões contra os negros, contra pobres, contra índios, contra mulheres (se bem o cristianismo já é machista suficiente), contra deficientes, ou contra qualquer outra coisa, e não poderiam ser acusadas de discriminação pois se isso ocorresse seriam vítimas de censura, ou discriminação religiosa.
Vendo tudo isso, e principalmente o uso que as religiões querem dar para a liberdade de expressão, lembro de um conselho que meu finado avô sempre me repetia quando eu era criança e cometia algum excesso contra outras pessoas, e acho que tal conselho é mais que apropriado para esses religiosos: "SUA LIBERDADE TERMINA ONDE COMEÇA A DO OUTRO".

segunda-feira, 21 de março de 2011

Neo Neocolonialismo

Esse fim de semana um sentimento muito estranho tomou conta de mim, ao descobrir que naquele momento todas as principais redes de televisão do país transmitiam ao vivo a chegada do presidente estadunidense na sede do governo brasileiro, o que mais me incomodou foi a pompa e honrarias que foram dadas ao tal presidente Obama. Talvez o sentimento que tive, foi o mesmo que um ameríndio fora dos "padrões" sentiu ao ver seus líderes se rendendo a adorar os europeus que invadiam suas terras.
A postura do governo brasileiro realmente me espantou, nem no auge dos governos assumidamente neoliberais, se viu tanta lambeção de botas do tio sam, faltou apenas o Obama sentar no gabinete da Dilma e dispachar de Brasília. Sem contar a demosntração de total falta de confiança nas instituições brasileiras, ao trazer consigo mais de 1000 homens entre exército e marinha estudunidense e FBI, para garantirem a segurança da familia "number one".
A mensagem que o Obama defendeu através de sua postura e discurso, durante toda sua estadia no Brasil, foi a ideologia do "excepcionalismo" presente desde a fundação daquele pais, onde, explicanda grosso modo, os estadunidenses se colocam como o país exepcional escolhido por "Deus" e com a missão de "evangelizar" o mundo, assim, com base nesse tipo de discurso os EEUU subjulgam, dominam, invandem e oprimem as outras nações e "evangelizam" economica e politicamente a periferia do mundo.
Obama veio mostrar uma aparente identificação com o povo brasileiro, jogou bola, assistiu a jogo de capoeira, falou do futebol em seu discurso, para difundir a falsa imagem de que o povo brasileiro e o estadunidense se assemelham em muita coisa, e que somos duas nações "amigas", na verdade isso é uma forma de criar menos reijeição ao discurso dos EEUU na população brasileira principalmente o apoio a tantas guerras em busca de petróleo.
E essa posição do Obama, foi amplamente difundida pela mídia, principalmente a televisiva, onde os jornais anuciavam com um excesso de respeito inesplicavel o "senhor presidente Brack Obama", e a todo momento reforçavam a imagem de ser humano cordial, simpático, benevolente e claro que reforçavam a imagem de ser superior.
Com tudo isso, postura da mídia, postura do governo brasileiro, me senti muito claramente que meu pais estava sendo invadido por colonizadores a fim de explorarem nossas riquezas, o que de certa forma não deixa de ser verdade com a eminência do pré-sal, porém o que mais me espanta é por que não existe um movimento intelectual forte e organizado a denúniar esse tipo de uso do poder e da mídia para criar essas imagens no senso comum?

quarta-feira, 16 de março de 2011

E o litoral a quantas anda?

Após três meses de festas, baladas, diversão e grandes shows no litoral paranaense, a região só ganhou páginas da grande mídia paranaense através dos desastres nem tanto naturais que aconteceram aqui, e diga-se de passagem a "grande mídia" nem deu tanto valor assim para nossas mazelas, estão mais preocupados com os reatores núcleares do Japão, que segundo um repórter da globo, pode atingir o Brasil, se os desastres fossem em São Paulo ou Rio de Janeiro seria bem diferente.
Seria bem diferente até entre os moradores do litoral, durante os desastres em SP, RJ, SC e no Nordeste brasileiro, vi muita gente que se mobilizou naquelas situações que agora não estão muito preocupados com os vizinhos do litoral, não chegando agua e sua casa está bom, cheguei ouvir hoje que agora que ta chegando fruta no mercado e gasolina no posto ta tudo normal novamente.
O importante que agora é tudo culpa da "mãe natureza", essa genitora malvada que castiga os seres humanos sem mais nem menos, ou vontade de "Deus" esse amigo imaginário do Ocidente, que castiga seus filhos que se desviam de seus supostos ensinamentos, porém ninguém ressalta que o litoral paranaense vem sofrendo à décadas com governos que não dão importância para seus problemas sociais e ambientais, inclusive o grupo que está no poder agora que em grande parte compôs o governo Lerner, nem eles, nem o antecessessor tiveram atenção suficiente para com as mazelas do litoral.
Históricamente o litoral paranaense só é lembrado pelo poder público estadual durante a famosa "Operação Verão", que na verdade representa uma preocupação com a diversão segura para os veranistas e não para a população local, fora a temporada é falta de policiamento, saúde pública, até a privada é precária, acesso a serviços básicos. Isso sem contar a incompetência dos governos municípais que se revesa nas mãos das pequenas oligarquias locais.
Mesmo essa pseudo atenção dispensada pela mídia e governo paranaense a região litoranêa é pifia, pois tentam minimizar a dimensão da catástrofe, em qualquer outro lugar do país 7 municípios sem ligação isolados e sem abastecimento creio que teria mais atenção; um município do tamanho de Paranaguá (cerca de 140.000 hab) sem água potável, e estão empurrando com a barriga, realmente é um absurdo; sem contar os números de vítimas o governo só admite até o momento dois mortos em Antonina, não sei então com explicar a superlotação do IML em Paranaguá, e os inúmeros amigos e conhecidos que relatam o desaparecimentos de familiares e amigos, prefiro acreditar neles do que nos dados oficiais.
Mais uma vez o litoral está sendo vítima das catástrofes naturais, sim, porém muito mais da inoperância dos governantes municipais e do descaso do governo estadual, o litoral não precisa de um gabinete de crise caro senhor governador, o litoral precisa de uma gabinete só, o do governador, e que atenda a região 365 dias por ano, não só na temporada e em desastres como esse.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mobilizações Paradoxais

Ontem primeiramente um amigo por e-mail, e depois os telejornais, me chamaram a atenção sobre o paradoxo existente entre as mobilizações populares no Egito, exigindo a renuncia do presidente Mubarak, e as mobilizações de torcedores do corinthians exigindo a saída do Ronaldo e outros jogadores da equipe, após serem eliminados da Libertadores da América.
No Egito a população mobilizou-se indignada com as condições de saúde, segurança, educação, etc. e se pôs a rua para tirar do poder um presidente que a três décadas usurpa o poder naquela nação, é a História do tempo presente se construindo diante dos nossos olhos, e já teve quem afirmou que ela estava morta.
Já no Brasil, mesmo gozando de problemas estruturais nas áreas de segurança, saúde, educação tão graves quanto aqueles do Egito, o único motivo capaz de unir milhares de pessoas à se mobilizar em torno de uma causa comum é futebol, torcedores se reuniram para agredir e cobrar a saída de jogadores por causa de uma eliminação de um campeonato. Sei que o futebol é movido pela paixão, e nem quero me desfazer dela, porém seria este "problema" mais importante que a falta de escola, hospital e segurança que os próprios torcedores sofrem? Pois garanto que não tem nenhum burguesinho indignado fazendo protesto.
O sistema capitalista é muito engenhoso, e suas engrenagens estão meticulosamente articuladas, pois por um lado o trabalhador recebe o menor nível de instrução possível, o essencial para executar seu trabalho; por outro lado recebe um baixo salário que reduz suas opções de lazer, tornando o futebol uma opção barata e acessível a todos, tanto para se praticar, onde qualquer latinha e duas pedras resolvem o problema, como para se consumir sendo através das grandes redes de televisão que destinam boa parte do fim de semana a este esporte, como indo aos estádios que sempre tem um lugar ruim com preço acessível as classes mais baixas.
Assim esta incrustado em nossa sociedade um sistema, que como tudo no capitalismo, alimentado pelos trabalhadores e que age contra eles, pois a paixão pelo futebol faz com que os trabalhadores empenhem suas energias e poder de mobilização em torno de seus clubes, que na verdade são cada vez menos seus, pois os clubes se tornaram grandes corporações capitalistas onde o lucro é único objetivo e não pensa mais em torcedores e sim em consumidores.
Lógico que o futebol mercadológico, não é o único responsável pela apatia de nossa população em relação as questões sociais e politicas, e muito menos que o Egito é um exemplo de capitalismo que possibilita instrução e formação a classe trabalhadora, as diferenças são especificidades culturais do capitalismo nos dois países, o que quiz fazer aqui foi apenas um exercício de historia comparativa do tempo presente.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mídia Sem Controle

Recentemente estive acompanhando um debate na TV Câmara sobre as concessões de radio difusão no Brasil, e após ouvir inúmeros argumentos em tal debate, e refletir um pouco sobre me dei conta de que o setor de radio difusão é muito mais nefasto do que eu já supunha, o que ocorre é que em nome de uma "liberdade de imprensa" se comete as maiores atrocidades a serviço dos que detêm o poder, e qualquer discussão sobre um marco regulatório é tida como tentativa de censura.
O primeiro ponto é justamente esse tal marco regulatório, mesmo não existindo nenhum órgão federal que fiscalize o funcionamento dos órgãos de radio difusão, existem algumas normas estipuladas para quem recebe a concessão cumprir. Entre elas o limite de 25% da programação destinado a propagandas comerciais, o que nenhuma TV cumpre, pois mesmo tendo o limite respeitado nas famosas propagandas não são contados o tempo de "merchan" dentro dos próprios programas, e muito menos os programas de tele-venda, sem contar dos religiosos que vendem suas religiões madrugadas a dentro. Outra norma estipulada que ninguém cumpre é a de 5 horas semanais de programação educativa entre as 8:00 e as 18:00 horas, o que já é um tempo ridículo, mesmo assim as TV's não cumprem e alegam que seus desenhos "enlatados de USA" são esses programas educativos.
Outro ponto polémico é se falar em Controle Social da Mídia, os defensores da lei da selva alegam que não é possível que membros representantes da sociedade, por mais numerosos que sejam, possam definir o que é o melhor para os quase 200 milhões de brasileiros, porque não vão conseguir expressar a vontade da maioria, porém o que temos hoje é cerca de 4 à 5 empresários decidindo por toda a população. Eles conseguem representar a opinião da maioria? Quando se fala em Controle Social da Mídia, não estamos falando em Controle do Estado, é a própria sociedade fiscalizando os abusos dos empresários da mídia, são associações de bairros fiscalizando o jornal da cidade, movimentos sociais fiscalizando a grande mídia, é a população fiscalizando.
O que vemos atualmente é um total abuso dos meios de comunicação que disseminam preconceito e calunias aos quatro ventos sem sofrerem represálias, pois se isso acontecer é censura, um caso recente é o apresentador Datena, que em seu programa sensacionalista diário, disparou mais de 40 minutos de calúnias contras ateus, creditando aos que não acreditam em um Deus a culpa pelos males do mundo, alegando que só mata, trafica, estupra e comete crime quem não acredita em Deus, além das constantes ataques do apresentador contra homossexuais e outras minorias.
Os órgão midíaticos precisam compreender que eles tem um concessão de um serviço público, e que sua atuação deve estar a serviço da sociedade, e a sociedade precisa compreender que a mídia, assim como todos os outros serviços públicos devem ser regulados e fiscalizados, não se pode mais aceitar que os meios de comunicação publiquem calúnias e difundam preconceitos sem serem responsabilizados por tais atos.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Falta educadores na educação

Em meio a varias discussões sobre os problemas da educação no nosso pais e estado, recentemente coloquei em discussão na escola em que trabalho a invasão de bacharéis na educação, nada contra as pessoas que por motivos variados acabaram migrando para educação, não é uma questão pessoal, mas sim de qualidade de ensino.

Existem dois casos específicos, primeiro o daqueles bacharéis que por não conseguirem trabalhar na área ou por qualquer outro motivo, acabam lecionando nas matérias relativas a ciência de sua formação (bacharéis em química, física, biologia, história, geografia), o problema é que a grande parte deles não tem uma especialização se quer na área de educação, e quando as tem é em algo genérico em educação, não podemos achar que existe uma metodologia da educação geral, aplicável a todas as disciplinas, é necessário que o professor tem formação especifica na metodologia e epistemologia especifica da ciência a qual leciona, ter conhecimento profundo em física, não faz com que tenha conhecimento profundo no ensino da física.

Um segundo caso me intriga mais, o de bacharéis de áreas ainda mais distantes da educação que lecionam disciplinas muitas vezes mais distantes ainda de sua formação, como vemos contadores, administradores, agrônomos, já me deparei até com arquiteto em sala de aula, onde o critério para a contratação é de que possua mais de 120 horas/aula de determinada matéria em sua graduação e isso o qualifica, segundo as regras criadas pelo sistema, em ser professor desta disciplina. Assim faz com que administradores dêem aula de filosofia, mesmo que ele tenha tido as tais 120 horas/aulas de filosofia, a formação dele é administração, ele tem a forma de pensar da administração, e me pergunto que filosofia ele vai apresentar aos alunos? O pior é que este critério é usado para a contratação, depois de contrato estes professores pegam qualquer matéria, ja vi administrador dando aula de arte, contador de educação física e ensino religioso, falo isso por que eu formado em história, quando me vi obrigado a pegar aulas de geografia, mesmo tendo mais de 200 horas/aula na minha grade, eu não tinha compreensão do modo como a geografia "pensa" o mundo e meu modo de pensar é o da ciência da história.

O maior absurdo, porém, foi que recentemente descobri, um curso de licenciatura genérico, isso mesmo, o cidadão faz dois anos de metodologias e didáticas genéricas e tem "habilitação" para dar aula em qualquer disciplina que tenha mais de 120horas/aula em sua grade curricular da graduação, e mais absurdo é que, segundo informações do NRE de Paranaguá, é aceito não só para PSS como para concurso.

Essa é uma discussão difícil de ser levantada, por que como aconteceu comigo, pessoas que estão nesta situação levam para o lado pessoal, porém ja se imaginaram consultando em um médico formado em direito? ou um licenciado em ciências consultando seu animal de estimação como se fosse veterinário? ou mesmo um bacharel em filosofia dando aula pra adolescentes, eles compreenderiam a linguagem do filosofo?, é a qualidade de ensino que esta em jogo, como alguém que nunca estudou educação consegue definir que tipo de avaliação deve ser aplicada para cada turma, ou se a avaliação realmente esta avaliando.

Em fim, a muito tempo que o sistema busca pouco a pouco, empregar uma lógica cada vez mais de mercado e menos de educação no sistema educacional, porém o que se inicia agora é a retirada do educador da área da educação, afinal quanto menos se preocuparem com a metodologia, as formas de aprendizagem e a educação, melhor para o sistema capitalista.