quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Personificação na Politica, um resquício do autoritarismo

A democracia no Brasil é uma coisa muito recente, e ainda não aprendemos a lidar totalmente com ela, temos em nossas práticas, mesmo que as mais democráticas resquícios de um autoritarismo, de um povo que segue as decisões de um grande líder, ou de um grupo que guia o pais "rumo a prosperidade".
No período entre 1500 e 1808 o Brasil foi colônia portuguesa, seguia os mandos e desmandos do monarca de Portugal, e não existia nenhuma representação politica na colônia, a não ser os cargos de "fiscais" da coroa nomeados pelo próprio rei. No pequeno período entre 1808 e 1822, a colônia passou a ser a sede do reino, ou na verdade um bom esconderijo para uma corte que corria de medo das invasões napoleônicas, tinhamos então um rei aqui, poder centralizado e decisões autoritárias como antes, nada mudou neste sentido.
Em 1822, com a grande falácia da independência, deixamos de ser colônia e viramos reino, com um Imperador, ou seja agora tínhamos o nosso próprio ditador, com centralização do poder, e alguns cargos políticos nomeados pelo déspota, e sem nenhuma participação politica popular.
Veio 1889 e a após nos tornarmos independentes, agora passamos a ser uma República, o que representou na verdade tomada do poder pelos militares da maçonaria, derrubando D. Pedro II que também era alto grau maçon, porém sem o apoio da ala militar, inicia-se outro processo de ditadura, agora comandada pelos militares, não é necessário relatar que neste período a participação política popular era praticamente nula.
Foi-se Republica Velha, com as oligarquias cafeeiras e leiteiras comandando o pais, e veio a República Velha com Vargas e a elite paulista, e em todo esse periodo até se instaurou o voto no Brasil, porém sempre de forma restrita a pequenos grupos, sempre o direito ao voto este atrelados a posses, nesse período o governo era amplamente sustentado pelas oligarquias regionais, a política coronélista, o voto de cabresto, os currais eleitorais iam desde o micro ao macro na politica brasileira.
Depois da ditadura Vargas, é que o Brasil começa a experimentar o voto direto, e a se relacionar com o sistema de democracia representativa, porém foi por um período curto de mais para que a população começasse a entender o processo como um todo, e em 1964 veio outro golpe militar, derrubam o presidente João Goulart, que até acenava, mesmo que discretamente, para uma democracia mais popular e participativa, e também por isso foi derrubado, a ditadura perdurou oficialmente até 1985, porém só tivemos eleições diretas em 1889.
Portanto temos pouco mais de 20 anos de voto democracia estabelecida no pais, escolhemos presidente apenas seis vezes, dai vemos que essa visão paternalista e personificada dos processos eleitorais é oriunda destes longos períodos de governo ditatorial e paternalista, onde os governantes e/ou grupos dominantes se colocaram como os defensores do pais, pais dos pobres, os responsáveis por guiar o pais rumo ao progresso.
E atualmente vemos que essa visão esta internalizada na população brasileira, tanto de eleitores como dos candidatos, pois uns esperam que os governantes após eleitos resolvam todos os problemas sozinhos e que são culpados de todos os problemas sem solução, e por outro lado temos políticos que ao se candidatarem a um cargo público, se colocam como salvadores da pátria, os responsáveis por mudar toda uma conjuntura politica, e essa visão de eleitores e candidatos esta estabelecida desde eleições para sindico até as presidenciais.
Precisamos ter uma nova mentalidade ao analisar campanhas politicas, devemos levar em conta projetos de governo e/ou gestão apresentados e não simplesmente a imagem de um candidato, pois o candidato não representa somente opiniões próprias, mais do que isso, ele representa opiniões e posicionamentos do seu partido, e do grupo politico no qual está inserido, quem vota em um candidato do DEM deve saber que ele pertence a um grupo politico que defende o neoliberalismo, as privatizações, a terceirização, que tem uma visão que privilegia a produção ao invés da qualidade; quem vota um candidato do PSOL deve saber que ele pertence a um grupo politico que defende o socialismo, que defende empresas estatais, que é contra terceirizações, e é um partido mais próximo a classe trabalhadora.
Hoje em dia é comum ouvir que não importa o partido e sim o candidato, porém vivemos em um pais com sistema de representação politica partidária, e os políticos ao se filiarem a um partido politico estão sujeitos a seguir as diretrizes estabelecidas por estes partidos, então importa muito o partido sim.
Porém a mudança na politica brasileira que todos queremos, só virá quando tivermos plena consciência de a democracia deve ser participativa e não representativa, temos hoje um senso comum de que votar é fazer sua parte, isso vem daquela velha visão de que o politico é o salvador da pátria que nos guiará rumo ao "desenvolvimento", porém nós é que devemos nos guiar nossos passos e o governante esta para seguir a vontade da população, portanto fazer a nossa parte é votar e acompanhar os mandatos dos eleitos, mesmo daqueles nos quais não votamos, pois só com a população cobrando e participando das decisões teremos governos que sigam rumos que atendam os interesses da população.

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