sábado, 15 de dezembro de 2012

Do Estado de Greve Letárgico ao Indicativo de Greve Tardio...


Depois de mais de quatro meses sobre “estado de greve” onde a direção estadual, e a maioria das regionais da APP-Sindicato, pouco ou nada fizeram, para mobilizar a categoria, hoje 15 de Dezembro, novamente nos reunimos para uma assembleia estadual, a mais esvaziada do ano.
O calendário aprovado no dia anterior pelo conselho estadual, prevendo mobilizações a partir da semana pedagógica, ações para envolver a comunidade, e uma assembleia estadual para dia 9 de março, com indicativo de greve para o dia 13 do mesmo mês, trouxe para a plenária pouca divergência entre direção e oposição. Ambos avaliavam esta como a única opção viável no momento, porém por motivos diferentes.
Enquanto a direção estadual, alegava que ainda era necessário mais tempo para mobilizar a categoria, organiza-la e deixa-la preparada para a deflagração de uma greve, com o envolvimento de ampla maioria da categoria, além de tempo necessário para travar uma batalha de informação com o governo, para disputar a opinião pública, sobre tudo a comunidade escolar.
A Oposição APP de Luta e pela Base e outros grupos que se organizam como oposição, apresentaram avaliações no sentido de denunciar que se a categoria não se encontra amplamente preparada para deflagrar uma greve no inicio do ano, afim de não iniciar o ano letivo, como proposta da própria direção estadual na assembleia de 30 de agosto, é devido a morosidade da própria direção em atuar nessa mobilização durante o estado de greve, afinal quatro meses de estado de greve são mais que suficientes para que se organize uma mobilização. A oposição apresentou a proposta de um seminário de agentes educacionais antes durante o período de mobilizações, foi consenso com a direção e data é 22 de fevereiro.
Alguns pontos a se ressaltar nesta assembleia, a pauta central aprovada no conselho estadual mais uma vez exclui a questão da equiparação do auxilio transporte dos agentes educacionais com o dos professores, além do auxilio transporte para os agentes educacionais contratados em regime de PSS, alguns argumentarão que pauta de greve é toda a pauta da categoria, ledo engano, caso o fosse precisaríamos de alguns anos em greve. Além do fato corriqueiro nas assembleias da APP neste ano, a falta de estrutura necessária, desta vez não faltou espaço porque tivemos poucos presentes, mas tivemos problemas com banheiros que não tinham estrutura para atender pessoas com necessidades especiais.
Por fim tivemos mais uma assembleia onde a maioria das decisões do conselho foram aprovadas, onde a oposição mais uma vez marcou posição sobre tudo a partir da APP de Luta e Pela Base, mas mesmo pode-se mapear posicionamentos contrários a direção não organizados, ou organizados em escala menos, onde a direção estadual tentou sem êxito justificar sua falta de atitude nos longos quatro meses de estado de greve, e que agora aprovou um calendário de mobilizações, que se for cumprido, e que boa parte da categoria vai cobrar para que seja, deixará a direção e conselho estadual, no dia 09 de março sem outra opção a não ser defender a greve, discursos radicalizados voltarão aparecer na boca daqueles que até agora foram morosos, mas esse discurso não nos iludirá e estaremos presentes na organização da greve para que seja uma greve vitoriosa para a categoria.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Gralha, O Ser Humano e o Capitalismo


Dias desses tive que ficar um tempo atoa no centro de Curitiba até meu próximo compromisso e decidi sentar em uma sombra do Passeio Público e ler um livro, foi ai que me deparei com uma cena que me intrigou. Uma gralha, que por algum motivo tinha fugido de seu viveiro, estava parada na tranca do seu antigo cativeiro, “gralhando” desesperadamente para entrar, e ter sua liberdade cerceada novamente.
O animal estava ali nesta situação, devido ao fato de provavelmente ter nascido e crescido em cativeiro, e agora em vida adulta obviamente não teria as ferramentas necessárias a sobrevivência em liberdade, pois o ser o humano que o trancou, supriu suas necessidades básicas de maneira a suprimir seus instintos, ficando assim como todos os animais em cativeiro dependentes de seus algozes.
Isso me fez refletir sobre nós seres humanos, e como a nossa sociedade capitalista através de suas várias instituições exerce o papel que o ser humano exerce sobre a gralha, castrando nossos instintos de liberdade, cerceando nosso potencial de autonomia, ou seja criando a sensação de que o ser humano necessita do sistema capitalista pra viver e não ao contrario.
Uma das instituições fundamentais neste processo de castração da autonomia e liberdade é a escola, deste a educação infantil, somos treinados e moldados a não sermos livres nem autônomos, o melhor aluno, o mais elogiado, não é o de maior iniciativa e autonomia, mas sim o mais disciplinado, o que obedece melhor, e assim os seres humanos crescem, internalizando e naturalizando essa obediência e aceitação de tudo como está dado.
Essa disciplinização serve unicamente ao mercado capitalista, pois bons proletários aos olhos dos patrões, são os servis e obedientes com pouco poder de reflexão sobre a sociedade de uma maneira mais ampla, assim aceitamos como normal toda exploração que é produzida e reproduzida em nossa sociedade pois fomos encarcerados e treinados a aceita-lá, acreditando que esta é a única maneira de suprir nossas necessidades.
Assim acreditamos que este sistema, assim como o ser humano em relação a gralha, supri todas nossas necessidades, e que vivemos em perfeita harmonia e gozo de todas as nossas potencialidades, porém, assim como a gralha não sente ser cerceado os seus instintos de voar e de poder ter a liberdade de transitar entre infinitas paisagens, nós na maioria das vezes também não sentimos termos nossa liberdade, nossa autonomia entre outras necessidades castradas, pois simplesmente não as conhecemos plenamente. Do mesmo modo que a gralha só conhece as necessidades e potencialidades que o ser humano a permitiu conhecer, nós seres humanos só conhecemos as necessidades e potencialidades com as quais conseguimos ter contato.
Não sejamos mais uma gralha neste sistema, enjaulados em nossas rotinas, presos em todas as certezas que nos são impostas, acreditando que o mundo acaba no fim do nosso cativeiro, não sejamos portanto, reféns do nosso grande algoz. Mas “gralhemos” sim, com a mesma força e energia que chega a incomodar os ouvidos no canto de uma gralha, “gralhemos” contra tudo e todos que tentam nos convencer de que nossos limites estão pré-determinados, vamos incomodar os ouvidos do sistema como o nosso “gralhar”.

sábado, 13 de outubro de 2012

Edgar ganhou ou Gimenez perdeu? Será que a população tem algo a comemorar??




As eleições do último dia 7, trouxe a Pontal do Paraná um resultado que, pelo do cargo majoritário do executivo, já se anunciará nas últimas semanas. O candidato do Governador Beto Richa, Edgar Rossi, alcançou vitória com mais de 50% dos votos. 
Analisemos primeiro as duas candidaturas apresentadas ao povo pontalense. De um lado tínhamos o candidato da atual gestão, Marcos Casquinha (PMDB), apoiado pelo atual prefeito Gimenez também do PMDB, que chega ao fim de oito anos frente a prefeitura de Pontal do Paraná, passando por escâdanlos de compra de votos, cesta-básica apreendidas sem secretarias municipais, prisão domiciliar, algumas cassações que foram revogadas, sem contar o sucateamento dos serviços públicos como saúde, educação e segurança pública, e achatamento dos direitos dos servidores, ou seja Casquinha tinha uma missão quase impossível, convencer a população pontalense a seguir neste rumo.
A candidatura de Edgar Rossi (PHS), se colocava como renovadora e de mudança, porém agregou em sua base de campanha velhas raposas da politica pontalense, muitos ligados a ex-gestões, e utilizou como maior trunfo durante a campanha o apoio declarado governador Beto Richa, governador que representa uma velha oligarquia da política paranaense, o famoso “velho em cara de novo” da política, e junto com seu partido o PSDB tem um grande histórico de sucateamento dos serviços públicos, e ataques contra os direitos e condições de trabalho dos servidores públicos.
Nenhum dos dois candidatos apresentou um programa de governo durante as eleições, apenas propostas isoladas e sem muito referencial teórico legal, seus grupos se compunham basicamente dos empresários que não queriam perder as “reagalias” na prefeitura de um lado e empresários que queriam entrar nessas “reagalias” do outro, além de pessoas ressentidas por terem sido excluídos deste ou daquele grupo. Ou seja, nenhuma das candidaturas apresentava uma identificação com a população e seus anseios.
A população escolheu por Edgar muito mais pela incompetência e ineficácia do grupo que governou Pontal do Paraná nos últimos 8 anos, do que pela capacidade apresentada pelo candidato na campanha.Logo ao se confirmar o resultado, boa parte dos eleitores foram as ruas comemorar, mas o que se via era muito mais uma comemoração da saída de um grupo, do que propriamente esperança com o que entra.
Edgar Rossi chega ao poder com o benefício da dúvida, mas ao analisarmos um pouco melhor sua trajetória, seus financiadores de campanha, o grupo político que o cerca, podemos verificar que a lógica de governo,  será a mesma, terá tantos “compromissos” assumidos com empreiteiras e empresários que financiaram sua campanha, tantos cargos cargos a distribuir para “pagar” o apoio recebido, negociará secretarias com a bancada de vereadores, tanto quanto Giminez teve nos últimos 8 anos ou Casquinha teria.
Por tanto é necessário, que não deixemos essa euforia política passar após o período eleitoral, nenhuma transformação social ocorrerá com o resultado de uma eleição, não existem salvadores, quem tem o poder de transformar a sociedade somos nós trabalhadores e trabalhadoras, mulheres e homens que no dia a dia podem intervir nas associações de bairros, sindicatos, movimento estudantil, movimentos de moradia, e todos os movimentos sociais que formam a nossa sociedade, afim de que possamos utilizar essas estruturas para fiscalizar, tencionar e pressionar o detentores do poder.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Vereador Bom é o Corrupto!!!

O Brasil passou por um processo histórico de despolitização da população, primeiro uma despolitização a força, durante os mais de 20 anos de ditadura militar e após isso uma despolitização mais branda ou nem tanto, onde em uma politica neoliberal, seguida por todos os governos desde 1989, onde pouco a pouco se enfraquecem todas as estruturas de organização popular, e com uma grande banalização da corrupção, criando um senso comum de que a corrupção é inerente a politica.

Essa despolitização em conjunto com uma cultura politica paternalista, enraizada desde o inicio da colonização em nosso pais, que já até falei sobre isso em outro texto deste blog, institucionalizou uma total distorção sobre as reais funções que um parlamentar deve exercer durante seu mandato. O parlamentar, sobre tudo nos municípios menores, que executa sua função de propor leis e fiscalizar os legislativo muita vezes é visto com maus olhos pela população.

A população em geral espera dos seus vereadores uma postura paternalista e assistencialista, “conseguindo'' manilhas, postes, consultas médicas, ambulâncias, e outros serviços básicos que deveriam ser supridos por responsabilidade do executivo, e pouco se importam se os parlamentares estão legislando e/ou fiscalizando o poder executivo local.

O que a maioria não percebe, muito por causa dessa despolitização da sociedade, é que se o vereador “consegue” que algum serviço de incumbência do executivo seja feito, é por que o executivo concede esse favor ao vereador, e esse favor lógicamente não é de graça, e essa troca é que torna esse vereador considerado “bom” pela população corrupto, é lógico que o vereador que muito consegue favores do executivo é por que não cumpre o seu papel de fiscalizá-lo como deveria, é por que faz vistas grossas ao votar prestações de contas e outras matérias do interesse da prefeitura local, é por que não propõe leis que sejam contra o interesse do prefeito e de seus pares, ou seja, nessa relação de uma mão lava a outra, um lado comete suas falcatruas sem sem ser fiscalizado e o outro cria uma rede assistencialista que garante votos.

Parafraseando Brecht “o pior analfabeto é o, analfabeto politico”, é esse analfabetismo que temos que combater o curso natural do sistema capitalista é para que realmente sejamos despolitizados, analfabetos políticos, o sistema funciona para isso, porém temos que nos organizar, nos mobilizarmos a fim de quebrarmos essas engrenagens e construirmos uma nova lógica politica dentro da sociedade, onde os anseios populares sejam prioridades, e não falo só de elegermos candidatos comprometidos com as lutas populares, falo menos disso e mais de construirmos uma nova lógica politica nas nossas lutas do dia a dia, nos sindicatos, universidades, escolas, nos nossos bairros, essa deve ser a lógica da cultura politica, uma politica de baixo para acima e não ao contrário.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pontal do Paraná: A Cidade Cancela

Muitas pessoas que visitam Pontal do Paraná, sobre tudo na alta temporada de verão, exaltam suas pelas praias e paisagens, a gastronomia e as opções de lazer, porém pouco conhecem da verdadeira realidade do município, a imagem que se vende de Pontal do Paraná é muito distante daquela que se vive.

Apesar de ser um município pequeno e relativamente novo, é a cidade mais nova do estado, em Pontal do Paraná as diferenças de distribuição de renda são bem expressas e a divisão social bem estigmatizada, e um objeto muito simples e que muitas vezes passamos por ele sem dar-lhe a devida importância, e muito menos sem fazer uma leitura do que ele representa dentro da divisão do território pontalense é a cancela.

Em Pontal do Paraná, temos trabalhadores morando espalhados pelos mais variados balneários, porém nos dois ou três balneários onde predominam a classe média alta, e grandes detentores do capital, muitos por sinal nem residem no município, são colocadas cancelas e guaritas em suas entradas.

As guaritas e cancelas na entrada destes balneários refletem muito bem a maneira como estão divididas as classe sociais na cidade, ao se colocar uma cancela deixa-se claro que ali não é lugar para “qualquer um”, impõe-se a condição de exclusividade, nesse sentido a cancela se torna um símbolo de exclusivismo e exclusão do povo trabalhador.

O fato das cancelas cercarem alguns balneários é só um exemplo do símbologismo que elas exercem dentro da cidade de Pontal do Paraná, no nosso dia-a-dia muitas outras cancelas são erguidas frente a população trabalhadora de Pontal, colocam-se cancelas na saúde, onde o bom atendimento e melhores recursos estão do lado de lá da cancela, onde não possamos ter acesso, e seguindo neste pensamento encontramos cancelas na educação, segurança, moradia, trabalho, lazer, alimentação, etc.

E nós enquanto classe trabalhadora não devemos pensar em transpor essas cancelas, mas sim devemos nos organizar afim de derruba-lás, pois transpo-las significa nos tornarmos parte do lado de lá da cancela, e derruba-las significa avançarmos para uma sociedade mais justa igualitária, onde não existam cancelas que nos cerceiam as oportunidadades e o acesso a educação, saúde, moradia, trabalho, lazer, alimentação etc.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Conto sobre uma eleição bem distante da nossa

Esta história aconteceu em uma cidadezinha chamada Caiçaralópolis muito distante, que nem sabemos direito em que estado ela se localiza, nem mesmo se pertence ao Brasil, pois isso os acontecimentos as vezes podem parecer absurdos e muito distantes da nossa realidade.

Há muito tempo atrás Caiçaralópolis estava as vésperas de uma eleição municipal, os prazos para inscrição estavam chegando ao fim e todos os grupos políticos estavam se reunindo e articulando para fecharem suas chapas para o pleito, existiam três grupos principais.

O primeiro grupo era liderado pelo atual gestor da cidade o senhor Roberney, um senhor magro e de barba sempre muito bem feita, esse grupo já estava a um bom tempo na gestão da pequena Caiçaralópolis, e mesmo não tendo um “bom nome'' para sucessão corriam para todos os lados, vendiam alma para o diabo para elegerem seu escolhido para a sucessão, afim de se manterem mamando nas tetas do erário municipal, pois muitos deles nem sabiam mais o que era trabalhar, a maioria nem lembravam o que fazia antes de entrar para a politica.

O segundo grupo era liderado por um senhor que já foi candidato várias vezes e nunca se elegera a gestor municipal, Carlos Loque, e por um grande empresário da cidade que cansara de bancar campanhas e tinha decidido entrar de vez no jogo politico, juntou-se a eles vários políticos de oposição com intuito de derrubar o atual grupo detentor do poder, porém era um oposição de jogo politico e em momento algum ideológica, aliás nenhum dos grupos, nem o terceiro que será apresentado, tinha alguma plataforma ideológica a ser aplicada, na verdade todos tinham a sede pelo poder queriam dominar a gestão de Caiçaralópolis a fim de beneficiarem os seus.

Por fim, quase de última hora se organizara um terceiro grupo, alguns parlamentares outros pretensos parlamentares, liderados por um parlamentar com vários mandatos na cidade o senhor Antônio Vaivindo, um senhor alto e com vasta cabeleira, reuniram-se nesse grupo políticos que de maneira ou outra sempre estiveram rondando o poder na cidade, e que viram na fortificação dos dois grupos que tinham perdido espaço e para valorizarem suas posições lançaram um pré-candidatura para negociarem com os outros dois grupos para verem de qual tirariam mais vantagens.

Caiçaralópolis possuía uma população muito ordeira e de boa fé, acreditavam que esses grupos políticos tanto brigavam por que queriam o melhor para a cidade, cada um com uma visão diferente por isso da briga, e não viam que ano após ano esses grupos oneravam cada vez mais o município, e a cada mandato, independente de qual deles assumira o poder, a pobreza e a miséria cresciam, era mais desemprego, mais violência, e não percebiam que aos poucos estes políticos foram cercando seus bairros, blindando seus carros e evitando o máximo o contato com a população para evitar serem atingidos pelas mazelas que eles mesmo causaram ao povo.

Quem ganhou aquele pleito pouco importa pois todos tinham o mesmo projeto, projeto para se manter no poder, e nenhum projeto de desenvolvimento social e humano para o município e para sua gente, e só então a população de Caiçaralópolis percebeu que o seu grande erro foi nunca ter brigado para ter uma gestão municipal popular, e que representasse os anseios do povo daquela cidade.