Nos últimos meses vimos
eclodir pelo Brasil inteiro inúmeras manifestações e greves de
trabalhadores em educação, destaque para Araucária e Colombo aqui
no Paraná, e a greve dos educadores do munícipio do Rio de
Janeiro, que já dura mais de 60 dias e que mesmo ganhando apoio de
vários setores da sociedade, continua sendo tratada de maneira
intransigente pelo governo local.
Em geral vemos surgir em
todas as regiões do país greves com pautas unificadas ou muito
próximas, questões como o não pagamento do Piso Nacional dos
Professores, valorização dos profissionais não docentes, questões
estruturais e de condições de trabalho, além do enfrentamento de
uma política neoliberal muito corriqueira, que é a meritocracia
através de implantação de bônus para os “bons profissionais”,
e a concessão de auxílios (saúde, alimentação, transporte) que
refletem no ganho imediato atual, mas que não geram ganhos a longo
prazo, pois são valores que não se incorporam em aposentadoria, e
nem em caso de licenças médicas.
A defesa dos governos
também tem se dado com argumentos unificados, diga-se de passagem
bem mais unificado que a luta dos trabalhadores, as defesas
geralmente giram em torno de duas questões principais, esgotamento
orçamentaria e a invocação da famosa Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), além de atacar os sindicatos alegando que são greves
políticas de interesses partidários.
Ora tratando-se de
servidores públicos que fazem o embate com o estado, óbviamente
não teria como não ser um embate político, pois é na disputa
política que se dão as tomadas de decisão sobre o futuro da
categoria. E usarem o fato de verem várias bandeiras de partidos,
sobre tudo de esquerda, em meio as manifestações e de terem
militantes sindicais filiados a estes partidos também não
descaracteriza a luta dos trabalhadores, pois se vemos a todo momento
industriais, banqueiros e mega empresários se organizando em torno
da maioria dos partidos políticos afim de que estes defendam seus
interesses, não é legitimo também, que trabalhadores se organizem
em torno de legendas que defendam sua classe? Haja visto que vivemos
em um estado democrático burguês onde as tomadas de decisão se dão
na esfera da política representativa.
O que trabalhadores e
trabalhadoras em educação, e toda a sociedade de uma maneira geral,
devem levar em consideração diante deste processo generalizado de
ataque a educação, é que educação queremos para as próximas
geração? Os movimentos sindicais e populares em torno destas greves
devem levar o foco para o fato de que a gênese de tal colapso, esta
no próprio sistema educacional, que procura se alinhar as demandas
de mercado em detrimento da formação humana, que sucateia o ensino
púbico em favor da valorização do setor privado, justificando
inclusive futuras privatizações, portanto neste momento, todos
aqueles que lutam por uma educação gratuita, de qualidade e para
todos, devem rumar a discussão para um novo modelo de educação que
tenha por foco a formação humana, baseado na democracia e na
participação popular.
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