segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Falta educadores na educação

Em meio a varias discussões sobre os problemas da educação no nosso pais e estado, recentemente coloquei em discussão na escola em que trabalho a invasão de bacharéis na educação, nada contra as pessoas que por motivos variados acabaram migrando para educação, não é uma questão pessoal, mas sim de qualidade de ensino.

Existem dois casos específicos, primeiro o daqueles bacharéis que por não conseguirem trabalhar na área ou por qualquer outro motivo, acabam lecionando nas matérias relativas a ciência de sua formação (bacharéis em química, física, biologia, história, geografia), o problema é que a grande parte deles não tem uma especialização se quer na área de educação, e quando as tem é em algo genérico em educação, não podemos achar que existe uma metodologia da educação geral, aplicável a todas as disciplinas, é necessário que o professor tem formação especifica na metodologia e epistemologia especifica da ciência a qual leciona, ter conhecimento profundo em física, não faz com que tenha conhecimento profundo no ensino da física.

Um segundo caso me intriga mais, o de bacharéis de áreas ainda mais distantes da educação que lecionam disciplinas muitas vezes mais distantes ainda de sua formação, como vemos contadores, administradores, agrônomos, já me deparei até com arquiteto em sala de aula, onde o critério para a contratação é de que possua mais de 120 horas/aula de determinada matéria em sua graduação e isso o qualifica, segundo as regras criadas pelo sistema, em ser professor desta disciplina. Assim faz com que administradores dêem aula de filosofia, mesmo que ele tenha tido as tais 120 horas/aulas de filosofia, a formação dele é administração, ele tem a forma de pensar da administração, e me pergunto que filosofia ele vai apresentar aos alunos? O pior é que este critério é usado para a contratação, depois de contrato estes professores pegam qualquer matéria, ja vi administrador dando aula de arte, contador de educação física e ensino religioso, falo isso por que eu formado em história, quando me vi obrigado a pegar aulas de geografia, mesmo tendo mais de 200 horas/aula na minha grade, eu não tinha compreensão do modo como a geografia "pensa" o mundo e meu modo de pensar é o da ciência da história.

O maior absurdo, porém, foi que recentemente descobri, um curso de licenciatura genérico, isso mesmo, o cidadão faz dois anos de metodologias e didáticas genéricas e tem "habilitação" para dar aula em qualquer disciplina que tenha mais de 120horas/aula em sua grade curricular da graduação, e mais absurdo é que, segundo informações do NRE de Paranaguá, é aceito não só para PSS como para concurso.

Essa é uma discussão difícil de ser levantada, por que como aconteceu comigo, pessoas que estão nesta situação levam para o lado pessoal, porém ja se imaginaram consultando em um médico formado em direito? ou um licenciado em ciências consultando seu animal de estimação como se fosse veterinário? ou mesmo um bacharel em filosofia dando aula pra adolescentes, eles compreenderiam a linguagem do filosofo?, é a qualidade de ensino que esta em jogo, como alguém que nunca estudou educação consegue definir que tipo de avaliação deve ser aplicada para cada turma, ou se a avaliação realmente esta avaliando.

Em fim, a muito tempo que o sistema busca pouco a pouco, empregar uma lógica cada vez mais de mercado e menos de educação no sistema educacional, porém o que se inicia agora é a retirada do educador da área da educação, afinal quanto menos se preocuparem com a metodologia, as formas de aprendizagem e a educação, melhor para o sistema capitalista.

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